Entenda o que é reabilitação neuropsicológica e seus benefícios

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Blog Entenda o que é reabilitação neuropsicológica e seus benefícios

Comments (0) / 25 de julho de 2017 /

Algumas pessoas já nascem com distúrbios neurológicos, enquanto outras levam uma vida normal até serem acometidas por acidentes ou doenças que trazem prejuízos ao sistema cognitivo. Mas será que é possível levar uma vida normal após essas lesões cerebrais? A resposta reside na reabilitação neuropsicológica, que visa proporcionar a essas pessoas uma vida mais confortável e feliz.

O processo consiste em tornar o paciente o mais independente possível (dentro de suas limitações, é claro) e orientar familiares e cuidadores para que ajam de forma a incentivá-lo e incluí-lo socialmente.

Quem necessita fazer a reabilitação neuropsicológica?

Em nossas atividades cotidianas, fazemos uso de algumas funções cognitivas, como memória, percepção, atenção, fala, dentre outras. Para ter ideia da extensão do prejuízo cognitivo, será necessário passar por uma avaliação.

É a partir daí que o paciente será reabilitado com base em seus sentidos que estão preservados. São eles que servirão como ponto de partida para que ele seja devidamente reabilitado. Não existe uma única forma de tratamento, visto que o tipo e o nível da lesão variam de paciente para paciente: o que funciona bem para um, pode não trazer nenhum benefício para outro.

Qual o profissional indicado para aplicar o tratamento?

De acordo com as normas do Conselho Federal de Psicologia, o profissional ideal para fazer a reabilitação neuropsicológica é o psicólogo. Mas como a neuropsicologia é um conceito relativamente multidisciplinar, ela também pode ser realizada por outros profissionais, como fisioterapeuta, médico, fonoaudiólogo e alguns outros que atuam na área da saúde.

Quem avalia o paciente, a princípio, é o psicólogo, e este tem a incumbência de encaminhá-lo ao profissional mais indicado. Prejuízos motores normalmente são tratados com o fisioterapeuta; distúrbios da fala, com o fonoaudiólogo; e assim por diante.

E como funciona essa avaliação?

Nosso pensamento discorre em processos mentais que dão origem a traços do nosso comportamento. Defini-los não é tarefa fácil, já que se trata de um fator que não pode ser matematicamente mensurado.

A atenção, por exemplo, pode ser considerada voluntária, e é na infância que recebemos os primeiros estímulos sobre o que devemos ou não levar em conta. Em um paciente que tenha sofrido perda de memória, por exemplo, o tratamento visa trazer estímulos que se tornem familiares, assim como os que recebemos quando somos crianças.

O mecanismo funciona mais ou menos assim: se você está recitando um poema e se esquece de um verso, o que você faz? Automaticamente, volta ao início e o verso esquecido surge como em um passe de mágica. Isso não acontece porque o poema é armazenado inteiro no cérebro, como se nossa cabeça fosse um HD de computador, mas porque os versos lembrados trarão estímulos que a farão lembrar-se dos versos esquecidos. E assim acontece com a reabilitação: estímulos já conhecidos trazem à tona memórias antigas.

E quais são as principais técnicas utilizadas?

O processo de reabilitação neuropsicológica conta com atividades alternativas como jogos e exercícios, academia para o cérebro, treino cognitivo com o xadrez, estímulos direcionados, métodos especializados para pacientes autistas e programas de reabilitação individualizados.

É necessário ter em mente, entretanto, que o tratamento será baseado nas reais necessidades do paciente. E isso começará a ser definido desde a primeira avaliação, a partir da qual será desenhado o programa que melhor atender.

Além disso, o estilo de vida e os valores do paciente devem ser levados em conta. Sendo assim, será possível desenvolver atividades que despertem interesse e motivação. Os exercícios propostos aproveitam ao máximo as funções cognitivas preservadas do paciente, a partir das quais os estímulos chegarão às células deficitárias.

Mas então o paciente será curado do problema?

Como em qualquer tratamento médico, os resultados dependem de uma série de fatores, dentre os quais o engajamento e a motivação do paciente. Quanto mais empenhado ele estiver, melhores serão as respostas.

Mesmo assim, isso não significa que o paciente voltará às condições anteriores à lesão. Dependendo da extensão, algumas perdas podem ser irreversíveis, mas o objetivo do tratamento é elevar a capacidade do paciente ao nível máximo possível para ele.

Ele evoluirá em relação à forma como ficou logo após a lesão, mas talvez nunca volte a ser o que era antes. Mas é necessário ter consciência de que isso não significa que ele não terá qualidade de vida. Pequenas metas serão definidas ao longo do tratamento, até chegar ao máximo que o paciente pode atingir em sua atual situação.

Outro ponto positivo do tratamento é que o paciente passa a adotar comportamentos mais propícios à sua recuperação e terá atitudes que o possibilitam utilizar as funções preservadas, de forma a compensar as que foram prejudicadas.

E a família, como deve agir?

O papel da família é fundamental, não só para que os resultados sejam atingidos, mas também para que haja uma maior motivação da parte do paciente em relação à adesão ao tratamento.

Em alguns casos, a reabilitação pode tornar-se inviável sem o monitoramento de um familiar ou cuidador. Para ilustrar, consideremos um paciente que tenha sofrido traumatismo craniencefálico (TCE). Muitas vezes, a memória é tão prejudicada que o paciente sozinho não conseguiria se organizar para dar prosseguimento às atividades necessárias.

Além disso, alguns pacientes podem ter dificuldades ao aplicar o conteúdo aprendido nas sessões à sua vida cotidiana. É nessa hora também que o papel da família é fundamental, pois uma vez que detenham o conhecimento sobre o que deve ser feito, trabalharão em prol de incentivar e estimular o paciente a se comportar de maneiras que favoreçam a sua recuperação.

Em termos gerais, é necessário conscientizar-se do quanto a reabilitação neuropsicológica é importante para o paciente viver melhor e interagir com as pessoas. Recusar-se a fazê-la trará prejuízos a ele próprio, e o papel da família é fundamental para a criação desta consciência.

Se você deseja tirar mais dúvidas sobre a neuropsicologia, continue lendo o nosso blog. Acesse também este post e entenda a importância da avaliação neuropsicológica nos dias atuais. Afinal, com o nível de estresse ao qual somos expostos diariamente, o melhor a fazer é ficar atento.

 

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